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Recriou-se, no Bunheiro, a primeira parte do Ciclo do Milho
Recriou-se, no Bunheiro, a primeira parte do Ciclo do Milho

O “Ciclo do Milho” é uma iniciativa da Câmara Municipal da Murtosa, que conta com a colaboração especial de quatro colectividades: Rancho Folclórico “Os Camponeses da Beira-Ria”, Rancho Folclórico “Andorinhas de S. Silvestre”, a Confraria Gastronómica “O Moliceiro”, a “Associação Desportiva e Recreativa das Quintas” e o Núcleo da “Fraternidade de Nuno Álvares”.

Assim, as colectividades/associações, referidas, desenvolveram esta acção/actividade à volta do “Ciclo do Milho”, que contribuiu para o conhecimento da região e dos seus habitantes, para a afirmação da sua cultura, da sua história, dos seus usos e costumes, elementos identitários importantes para o nosso enriquecimento.

Assim, o dia 8 de Maio foi o dia escolhido para a realização do 1.º momento desse ciclo, que compreendeu o lavrar da terra, seguida do gradar da mesma, que culminou com o semear do milho.

 

Como era a cultura do milho no passado? Consoante o tipo e localização dos terrenos (mais altos ou mais baixos), tinham a sua época própria de serem “feitos”.

Porém a grande maioria dos nossos terrenos eram preparados para a sementeira do milho em finais de Abril ou princípios de Maio.

Antes de serem lavrados os terrenos eram estrumados com esterco de vaca e/ou moliço retirado da Ria. Estes, eram transportados para o terreno nos carros de vacas e aí descarregados em montes. Posteriormente eram espalhados manualmente ou com auxílio do engaço, de forma a ficar bem distribuído por toda a extensão.

Para fugir ao calor do dia, o trabalho de lavrar iniciava-se de manhã cedo. No dia determinado, o lavrador dirigia-se para o terreno, transportando a charrua e acessórios no carro das vacas.

O carro era puxado por uma junta de vacas marinhoas – animais de pêlo rapado de cor amarelo torrado, raça autóctone, de muita força e resistência, quando comparados com os de raça turina.

Primitivamente os carros de vacas eram de rodado fixo, sendo os mais recentes de rodas volantes.

A junta de vacas suporta, no cachaço, a canga - peça fundamental para adaptação do carro ou das alfaias aos animais, com o objectivo de lhes transmitir movimento.

As cangas eram maioritariamente feitas na Freguesia do Bunheiro, existindo ainda um artesão que as fabrica. Estas são verdadeiras obras de arte em madeira, sendo esta trabalhada com goivas e formões formando motivos florais e outros, em baixo relevo, podendo ser em madeira crua ou ter um acabamento em pintura de cores garridas. As cangas são encabeladas com tufos alternados de cabelo branco e preto, de preferência das crinas ou dos rabos de cavalo.

A charrua é toda ela em ferro, possuindo além das rodas, dos rabeiros e dos limpadores, duas aivecas – peças responsáveis pelo remover da terra. Possui ainda um fuso que possibilita leivas mais ou menos profundas, consoante a necessidade.

A charrua era puxada por uma ou duas juntas de vacas, consoante o tipo de terreno, a extensão do mesmo e a profundidade da leiva.

A camboa é a peça que faz a ligação da charrua à canga das vacas, onde se encaixa a chavelha.

Dadas as características do processo de lavrar, as leivas não chegavam aos limites do terreno, surgindo assim a necessidade de as cavar manualmente. Esta tarefa, que era normalmente desempenhada por homens, designava-se o “cavar dos cabeceiros”.

A enxada utilizada na mesma era a enxada de cavar – enxada de maiores dimensões.

A grade é o utensílio utilizado para desfazer as leivas e amaciar a  terra, criando uma superfície mais lisa, pronta a semear.

A grade poderia ser toda ela em madeira (travessas e dentes) ou com os dentes de ferro.

Tal como acontece com a charrua, também aqui é necessária a utilização da camboa e da chavelha para que se efective a ligação à canga dos animais.

O semeador é uma engrenagem que possibilita o semear do milho (ou milho e feijão) em linha, tornando mais fácil posteriormente o mondar, sachar e regar.

Este equipamento era manobrado pelo lavrador, sendo puxado por uma ou duas pessoas, ou por uma vaca ou cavalo.

Antes do processo de sementeira do milho com o semeador, o milho era semeado à mão, por arremesso. Chamava-se semear à “paveia”. Neste processo o milho ficava distribuído de forma irregular no terreno, o que dificultava os trabalhos subsequentes.

 

Foi isto que se procurou recriar nesta tarde de domingo,

O local escolhido foi um terreno nas proximidades do Cais da Béstida, na Freguesia do Bunheiro, a mais agrícola de todas as Freguesias do Concelho da Murtosa.

As tarefas de preparação e cultivo do terreno foram feitas, tanto quanto possível, à semelhança daquilo que era habitual nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado. Alfaias agrícolas, gado, sementes e métodos de trabalho, incluindo o modo de vestir dos intervenientes/figurantes, estavam reportados a essa época.

 

Este acontecimento não surgiu isoladamente. De facto, integrou um programa/oferta mais ampla e diversificada, que cada um pôde usufruir no todo ou em parte.

Assim, a partir do meio da manhã, quem rumou à Praça Jaime Afreixo, em Pardelhas, pôde ver as máquinas Floretts Kreidler, que os seus donos, um pouco de todo o País, em passeio, trouxeram até nós, para gozo deles e apreciação nossa. Estes mesmos senhores, depois de darem uma volta pelo nosso Concelho, foram até à Ribeira de Pardelhas, onde almoçaram uma caldeirada de enguias, depois de as provarem fritas.

Neste repasto/almoço qualquer um pôde participar, desde que tivesse feito a inscrição e liquidado o custo correspondente. Associada à refeição houve a possibilidade de se andar de barco ou de bicicleta, podendo estes meios servirem até para a deslocação até ao Cais da Béstida, já mencionado.

Depois do milho estar semeado, no Cais da Béstida, houve um arraial popular, com cantares ao desafio e a actuação do Grupo Folclórico de Veiros.

 

Em torno da cultura do milho na Região de Aveiro (Murtosa), que até ao último quartel do século passado tinha um rito próprio, mais moroso e penoso, aqui e ali amenizado e animado pelo convívio e pela vertente lúdico/cultural, que aproximava as pessoas e as tornava mais solidárias, deu-se a conhecer uma faceta, histórico/etnográfica, da actividade agrícola que foi (e continua a ser, embora em moldes diferentes) um factor preponderante na definição, ao longo de muitas gerações, da matriz económica, social e cultural da região.

 

Também a gastronomia regional (caldeirada de enguias), o barco moliceiro (ex-libris da Ria de Aveiro e instrumento de trabalho árduo), as bicicletas (ao tempo o meio de deslocação mais usado na região), e a animação (com cantares ao despique e pessoas a dançar) ajudaram a recrear e a viver uma época, não muito longínqua, de que as Floretts que vieram nesse dia também fazem parte.

No dia 17 de Setembro, teremos a 2ª parte (corte/ceifa do milho e o cascar/desfolhar do mesmo). No dia 1 de Outubro, ocorrerá a 3ª parte (a última desfolhada – de S. Miguel – com as papas). Oportunamente, serão anunciados/divulgados os programas destas duas fases.

Para já, ficam os parabéns à organização e colectividades que colaboraram activamente para que a ideia fosse concretizada, tal como aconteceu.

(gradar a terra)

 

(fazer a sementeira com um semeador simples - tracção humana)

 

 

(fazer a sementeira com um semedor duplo - tracção animal)

 

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