Pombal, Freguesia de Nagosa
Outras estruturas com interesse no concelho moimentense como exemplares do património edificado e como testemunhos da cultura do meio rural são os pombais.
Dos muitos exemplares existentes no país, encontramos pombais que apresentam uma grande diversidade de formas, a salpicar de branco a paisagem, uns simples, outros mais artísticos, com preocupações estéticas (muitas vezes como sinal de poder e riqueza), num certo culto à pomba, assim como situações distintas quanto à sua cronologia, ao estado de conservação e ao actual aproveitamento.
Pois, a maioria, à semelhança do que acontece com outras construções rurais tradicionais (espigueiros, moinhos de água, etc.), está, por várias razões, votada ao abandono, deixando de ser proveitosos albergues de pombos, muitos deles em processo de degradação, levando ao seu progressivo desaparecimento, e outros simplesmente reutilizados para diversos fins (arrumos), como é o caso do pombal que vemos nas imagens.
Este pombal encontra-se implantado sobre um afloramento rochoso (incluindo uma outra edificação) numa encosta soalheira. É de planta circular (havendo-os também em ferradura), com cerca de 16,50m de perímetro e 4,50m de altura, assemelhando-se, pela sua forma cilíndrica, a uma estrutura castreja. Essencialmente à base de materiais locais, as paredes são em alvenaria com cobertura em telha de barro sobre traves de madeira (ver imagem II) apoiadas num beiral de pedra (nalguns, eram colocadas pedras pintadas de branco por cima das telhas para que estas ficassem seguras e, ao mesmo tempo, parecessem pombas como chamariz) e uma abertura para a saída e entrada de voo dos pombos.
O acesso aos proprietários é feito por uma pequena porta de madeira do lado Sudeste, com 1,50m de altura e 0,95m de largura, cuja padieira exibe curiosamente uma inscrição alusiva à sua construção, interpretada do seguinte modo: Foi mandado reedificar por Alexandre da Fonseca e S.ª em 1850.
Como é próprio nestas estruturas, o interior, com aproximadamente 3,70m de diâmetro, ordena-se por inúmeras cavidades em pedra (imagem III), cerca de trinta por fila, que proporcionavam o habitat de nidificação a cerca de meio milhar de pombas. O pavimento apresenta-se algo irregular, à base de pedra e terra, havendo-os também em madeira. Os poleiros, com arestas arredondadas, dispõem-se em forma de xadrez de modo a que os pombos que estivessem nos poleiros mais altos não sujassem os pombos situados em lugares inferiores. Ao contrário do que é hábito, em que o alimento é servido sobre uma mesa circular de pedra ao centro do pombal, o comedouro deste permanecia exteriormente numa laje.
Mantendo este pombal povoado, era fundamental que estivesse limpo (inclusive o bebedouro, o qual deveria estar afastado do chão, evitando assim a entrada de poeiras, penas e excrementos), instalações práticas e simples, ter luz natural adequada, pois as fêmeas procuravam os lugares escuros para construir os seus ninhos e que estivesse protegido de animais daninhos.
Com efeito, atraindo outras espécies (estorninho-preto), fornecia-se alimento (o borracho) para abastecimento familiar (como as capoeiras) e produzia-se uma quantidade considerável de estrume, denominado por pombinho, um fertilizante fácil e natural, que, acumulado no seu interior, na falta de adubos químicos, era extremamente útil à agricultura.
Seria, pois, interessante valorizar estas construções, quer através da inventariação (estudo de caracterização arquitectónica/funcional e do enquadramento no meio onde se integram) e consequente divulgação, quer através do seu aproveitamento, povoando-as, revitalizando a actividade económica a que estão associadas e, ao mesmo tempo, contribuindo para a subsistência das populações de muitas outras espécies faunísticas, sobretudo as rapinas. Uma vez povoados, naturalmente, voltaríamos a ter (também) os bandos de pombas a embelezar os céus desta região!
Destinados à criação de pombos (pombos-da-rocha).
Considerada símbolo da paz.
É o ponto fraco do pombal por não resistir à intempérie.
Existem mais cinco aberturas na parede para a saída e entrada dos pombos.
O Sr. José Mergulhão (um dos proprietários) conta que o pombal foi mandado edificar por um padre.
Corujas, doninhas, ratazanas, etc.